A Universidade Federal de Viçosa (UFV) lançou na última quarta-feira, 28, uma nova variedade de cana-de-açúcar destinada ao mercado sucroenergético, com alta produtividade para manejo de colheita em meados de safra.
O lançamento foi durante um evento virtual para comemorar os 30 anos da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (Ridesa) e os 50 anos das variedades conhecidas como RB, responsáveis por grande parte do setor canavieiro no Brasil.
A nova variedade foi chamada de RB987917 e é destinada a áreas irrigadas e de solo com boa fertilidade natural.
Segundo a UFV, nos experimentos colhidos, a variedade se adaptou bem a altitudes que vão de 300 a 900 metros.
Para o professor Márcio Barbosa, do Departamento de Agronomia da UFV e coordenador da equipe que criou a RB987917, uma nova variedade demora pelo menos 15 anos para ser lançada.
“Fazemos diversos cruzamentos genéticos e precisamos testar as novas variedades em áreas muito diferentes para analisarmos a eficiência e o manejo adequado das plantas. Muitas são descartadas e as melhores são enviadas aos produtores, para que possam colaborar com os testes em locais e condições diferentes, para que tenhamos as características daquela variedade”, explicou o professor.
Fazem parte do Programa de Melhoramento de Cana-de-Açúcar da UFV professores dos departamentos de Agronomia, Estatística e Química, engenheiros agrônomos, técnicos em agropecuária e auxiliares administrativos e rurais, além de graduandos e pós-graduandos que desenvolvem pesquisa com cana-de-açúcar.
O Brasil tem a maior área plantada com cana do mundo e é grande produtor de açúcar e etanol. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), são 8,6 milhões de hectares cultivados, o que corresponde a 2,5% da área agricultável do país.
Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em 2020, a produção de açúcar gerou 8,7 bilhões de dólares em volume de exportação.
Entre as variedades mais plantadas no Brasil está a RB867515, desenvolvida pela UFV em 1998 e atualmente produzida em mais de 20% da área cultivada com cana no país, o que significa cerca de 1,8 milhões de hectares. A variedade é considerada rústica e muito tolerante a estresses ambientais.
A Universidade Federal de Viçosa fez parte da origem da Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento Sucroenergético (Ridesa), lançada no início da década de 1990.
As instituições que integram a Rede produzem inovação para o cultivo de variedades em 60% de toda a área canavieira.
Nestes 30 anos, a Ridesa já lançou mais de 100 variedades. O trabalho é realizado em parceria com 300 empresas conveniadas, o que representa 95% das que atuam na área.
Autor: Victória Jenz/Fonte: novacana.com